segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

As tribos do Vale do Rio Omo













A desolada região sul do Vale do Rio Omo na Etiópia tem várias tribos vivendo da mesma maneira há séculos, em isolamento voluntário do mundo moderno.
Recentemente, entretanto, as tribos Dassanech, Mursi, Hamar, Karo, Bume, Beshadar e outras – estão sob pressão crescente do mundo exterior. A mais recente é um projeto de barragem no Rio Omo para gerar energia hidroelétrica para a capital da Etiópia, Addis Ababa. Isso irá reduzir o rio para um quinto de seu tamanho e eliminar as planícies alagadas tão valiosas para os agricultores tribais do Vale do Omo. O governo, distante geograficamente em Addis Ababa, parece dar pouca importância à ameaça dessas culturas únicas do Vale do Omo, e os dias de existência de suas culturas intactas estão contados.
Minha viagem à região teve duas semanas de duração, começando no meio de dezembro de 2007. A proposta dessa viagem foi realizar retratos coloridos como parte de um projeto mundial sobre culturas que estão diminuindo/desaparecendo.

“As journalists we often have to find new ways to tell an old story. I believe in trying to tell that story in the most powerful way I can under the limited circumstance that time brings to any assignment. I am trying to be less concerned with who I am working for and more concerned about what I am doing with my time. This is crucial period in our history on this planet and I want to feel like I am working on issues that matter beyond the sensationalism of the 24 hour news cycle.“
Brent Stirton

Relatos de viagens no blog do Discovery Channel

domingo, 22 de fevereiro de 2009

New York


New York 2008 from Vicente Sahuc on Vimeo.

New York em 4 minutos.

Autor: Vicente Sahuc
Música: Numb - U2
Filmado com uma câmera Casio EX-F1 (300 fps e editado em 24fps), patins e Steadicam Merlin.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O mineiro João Castilho e seus novos conceitos


Paisagem. Imagem da série 'Linhas', à qual Castilho se dedica atualmente



Foto da série 'Redemunho', que deu a Castilho o Conrado Wessel

Douglas Resende

João Castilho até se assustou quando o celular tocou. Ele estava em Milho Verde, no Vale do Jequitinhonha - onde sinal de celular é coisa improvável - quando a reportagem do Magazine ligou para uma conversa sobre fotografia e os rumos de seu trabalho. "A paisagem daqui é grandiosa e tem a potência que estou buscando", justifica o fotógrafo sua viagem ao pequeno lugarejo nas cercanias de Diamantina, onde está fotografando para uma série intitulada "Linhas" e outras "experiências para futuros trabalhos, todos na paisagem". Nascido há 30 anos, em Belo Horizonte, e formado em jornalismo, João Castilho ganhou projeção pelos ensaios que se equilibram entre o realismo da fotografia documental e a subjetividade de um olhar poético e imaginativo. E, no ano passado, uma série de prêmios veio reconhecer seu trabalho. Foi eleito Fotógrafo do Ano pelo Fotosite, em votação que reúne profissionais e críticos de todo o país, e levou, pelo ensaio "Redemunho" o Conrado Wessel, maior prêmio da fotografia brasileira, faturando R$ 80 mil. Depois veio ainda o prêmio Bolsa Funarte de Estímulo à Criação Artística, que lhe rendeu mais recursos para seguir dedicando-se aos novos projetos.

Afora todos esses incentivos materiais e morais, no ano passado Castilho montou duas exposições individuais - uma na Galeria Olido, em São Paulo, e outra no espaço Oi Futuro, no Rio de Janeiro - e nove coletivas, sendo uma delas na Holanda. Antes de tudo isso, no começo do ano, havia publicado ainda o livro "Paisagem Submersa" pela Cosac Naif, junto com os fotógrafos conterrâneos Pedro Motta e Pedro David. Nos ensaios de "Paisagem Submersa" está o fundamento do estilo de Castilho. Ele e os parceiros passaram a qualificar o trabalho do livro como "documentário imaginário", depois que o termo foi usado por Chuck Samuels, diretor artístico do Mois de la Photo em Montreal, para designar aquela obra dos três fotógrafos. As imagens de "Paisagem Submersa" foram feitas entre o registro do cotidiano e a mise-en-scène criada em diálogo com o imaginário das pessoas, em municípios do Vale do Jequitinhonha que teriam parte de suas terras inundadas para a formação da represa da usina hidrelétrica de Irapé. O estilo que se reconheceu em João Castilho no seu glorioso ano de 2008 pode, no entanto, não dizer muito sobre o fotógrafo em 2009. "Eu poderia fazer outro 'Paisagem Submersa'.

Mas quis virar a página. O problema da fotografia, em geral, é essa estagnação, passar o resto da vida fazendo a mesma foto, com a mesma luz, o mesmo enquadramento, a mesma temática", afirma Castilho. Ele diz que decidiu, inclusive, abandonar o tema. "Não me interessa mais o tema, mas o conceito." E aponta o novo rumo. "O caminho são as artes plásticas e a arte contemporânea. O que os artistas têm feito com a fotografia é genial", afirma, citando o mexicano Gabriel Orozco, a francesa Sophie Calle e a mineira Rosângela Rennó. "Porque não tem fórmula, não tem regra. É muito maior do que chegar na frente de alguém e disparar a câmera. Comecei a criar pânico disso, tem um ano que não fotografo gente. Esse lado documental está se dissolvendo", revela o fotógrafo, que, sintomaticamente, iniciou um mestrado em arte contemporânea na Escola de Belas Artes da UFMG, tendo como principal referência para sua pesquisa o pensador francês Andre Rouille, autor de "A Fotografia: Entre o Documento e a Arte Contemporânea". Ainda assim, mesmo com o lado documental "se dissolvendo", o fotógrafo admite continuar se equilibrando nos dois territórios, mas de formas diferentes. "Levo certas coisas ainda. Lugares, por exemplo", diz referindo-se a Milho Verde.

Exposições em 2009

João Castilho já tem duas exposições marcadas para este ano e outras a confirmar

Individual. Em abril, no Centro Cultural Simón I. Patiño, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia

Acervo. Escolhido entre os cinco fotógrafos que passam a integrar o acervo do Clube de Fotografia do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo

Contemporâneo
Gosto pela literatura pauta novo ensaio


João Castilho tem trabalhado no momento na série "Linhas". São intervenções na paisagem natural com linhas de crochê, que "às vezes parece antropomórfica, às vezes uma forma gráfica". "Essas intervenções desarranjam a ordem e causam um curto-circuito na paisagem bucólica", explica Castilho, que, embora já tenha exibido fotos da série na Galeria Olido, em São Paulo, diz que o trabalho ainda não está pronto. Outro trabalho em processo ao qual o fotógrafo tem se dedicado tem a ver com o seu gosto pela literatura. Castilho pegou o hábito de colecionar edições do romance "Metamorfose", de Franz Kafka. O detalhe é que para cada uma das 11 edições que ele já garimpou existe não só uma tradução diferente como a primeira frase do romance foi traduzida de um jeito. "Comecei a fotografar essas primeiras frases, trabalhando o foco – focava só a primeira linha e desfocava o resto", diz Castilho. "Além da questão da tradução, da metamorfose do texto – o Haroldo de Campos diz que não existe tradução, mas 'transcriação' –, fica bonito visualmente. Pego a textura do papel, as manchas, a cor, que vai mudando com a luz", conta. (DR)

Fotografia
"A fotografia humanista se esgotou para mim"


Formado em jornalismo pela PUC-Minas, João Castilho iniciou-se na escola da fotografia documental. Mas neste momento demonstra certo fastio dela. Nesta entrevista, por telefone, de Milho Verde, o fotógrafo remonta sua trajetória e expõe os motivos que o inquietam e que o fizeram tomar outros rumos. Você diz que sua visão sobre a fotografia tem transmutado ultimamente. Você pode situar essa curva na sua trajetória? Há uma busca de uma aliança entre um conceito e uma forma, uma estética. Vim da escola da fotografia documental, que eu praticava no começo. Importada da Europa do entre-guerras e da Segunda Guerra Mundial, a fotografia documental foi disseminada pela agência Magnum, fundada pelo Henri Cartier-Bresson e pelo Robert Capa. E todo mundo foi parar lá uma hora – o Sebastião Salgado, o Miguel Rio Branco. Essa fotografia continua hoje poderosíssima, disseminando um modelo humanista, de olhar o outro. Mas é um modelo que se esgotou para mim. Comecei então a tentar me reeducar, me liberar um pouco desse olhar. E comecei a procurar uma aliança na arte contemporânea.

Quando eu comecei a estudar, a ver e a dialogar com a arte contemporânea, vindo da fotografia documental, a coisa começou a ficar mais interessante, a me instigar mais, a ir além e aparecer novos caminhos. Aí se localiza meu trabalho neste momento. Ele está andando e a cada ano que passa me surpreendo mais com onde estou me enfiando. "Paisagem Submersa" tem muitos retratos. Como é sua relação com a gente que fotografa, considerando o quanto é difícil lidar com a imagem de outra pessoa? No "Paisagem Submersa" tinha uma coisa bacana: a gente ficava muito tempo nos lugares e voltava muitas vezes. Fotografei poucas pessoas, porque só conseguia fotografar direito quando tinha uma interação. Não conseguia fotografar alguém que não batia o santo. E como foi um trabalho de muito tempo, entre algumas pessoas tinha uma paixão – a gente andava junto, gostava de beber, de comer junto, contar piadas, encher o saco um do outro. São dessas pessoas as fotos do livro e do site. Mas claro que é uma violência também, botar numa galeria, num livro. Agora, não dá para ficar com essa culpa o tempo inteiro porque senão você não trabalha, mas ela tem que estar lá, não dá para perdê-la de vista, senão você vira um monstro.

Tem fotógrafo de guerra que enlouquece e não consegue tirar mais a foto de uma flor. A não ser que tenha uma cabeça muito bem resolvida, tipo o Sebastião Salgado. Para você, essa fotografia é inviável hoje? Você pode continuar trabalhando, mas com uma mudança de foco e de atitude. A Sophie Ristelhueber, por exemplo, fotografa conflitos no Líbano, mas não é instantâneo, nem fotojornalismo. Ela chega três dias depois da guerra e registra o que sobrou. Tem um livro dela só de barricadas na estrada – não tem ninguém lá, mas é de uma violência. Não precisa mostrar o cara tomando um tiro. O Capa poderia chegar lá e fazer essa foto hoje. Mas nesse último conflito Israel/Palestina, foi raro ver um trabalho dentro da Palestina – todo mundo embutido no Exército de Israel, protegidinho. Hoje tem um controle violento da informação. Você vai estar sempre a serviço do lado forte. Se algum bom trabalho for feito lá, vai ser de um palestino dentro da palestina. Tem que ser feito por eles mesmos. Não tem mais por que eu ir lá. Então fico quieto em casa.

Publicado em: 07/02/2009

Os irmãos Lumière






Os irmãos Lumière não foram apenas os inventores do cinema. Foram também
os inventores da fotografia colorida em 1904 (ano que a invenção foi
patenteada. mas o processo só foi comercializado no mercado em 1907. O
Instituto Lumiere na França comemorou este centenário.

Esta tecnologia chama-se 'Autochrome Lumière' e provinha de uma técnica
artesanal que misturava partículas microscópicas de batata com corantes
laranja, verde e azul (ou violeta). O pó da batata era colocado entre
dois filmes preto e branco e tudo ficava numa placa de vidro. Um pouco
de verniz e estava pronta a emulsão. O pó da batata funcionava como um
filtro colorido. Na verdade o processo era um pouco mais complicado do
que isso. Mas o mais impressionante é a qualidade que eles conseguiram
há 100 anos quando os pixels eram partículas de batata. O Autochrome
sobreviveu até 1930 quando a Kodak introduziu o seu filmcolor.

Uma injustiça quando vemos, na história da fotografia, os americanos
considerarem a Kodak como inventora.

No anexo, uma oportunidade de vocês apreciarem estas imagens que os
Lumiere fizeram há cem anos.

Reparem na composição. Uma poética exuberante, típica da belle-Epoque.
Notem a influência da pintura impressionista francesa. Alguns artistas
impressionistas como Monet foram amigos dos Lumière.

Fontes : Rinaldo Morelli e Pictura Pixel, grandes amigos.