No dia que encontrei as portas do cèu, chovia e fazia frio.
A caminho de Salento com amigos, fomos pela estrada mais longa que liga Pueblo Tapao a esta pequena cidade colonial encravada na Cordilheira Central. Passamos por diversos povoados, e aqui na Colômbia, especificamente na regiao central do paìs, a cada quilômetro a temperatura e a altitude variam. Assim, logo o horizonte que antes se cobria com um frio azul, foi desenhado por fios dourados, que pintavam os campos verdes, àrvores e cada uma das inùmeras cores das casas e fazendas.
Vistas com as quais sò podemos sonhar. Paisagens que sempre mentalizo quando medito.
As nuvens se dissiparam e o cèu possuìa o azul mais limpo. Uma ou outra brincava e fugia do cèu, se mantendo nas regioes mais baixas do vale, brancas e fofas em meio ao verde profundo. A Cordilheira, sempre esbranquiçada, agora fazia um desenho certo e claro. Me permiti o frio do vento e o calor do sol no rosto.
Sentia todo o corpo, me sentia viva.
No som no carro tocavam clàssicos, daqueles de melhor feitio, quase artesanal, e que resgatam memòrias doces e importantes.
Quanto mais entràvamos pelas curvas das montanhas, mais èramos cercados por pinheiros que nao se cruzam no infinito e que se perdiam na branca bruma que voltou a cobrir o ar.
Me senti novamente criança ansiosa, excitada com tanto a olhar atravès das janelas velozes.
Chegando na cidade, subimos degraus coloridos que faziam perder o fôlego e nos conduziam ao ponto mais alto da cidade, Alto de La Cruz, onde se passa a Via Sacra. No topo, um parque infantil. Abaixo, uma cidade branca. O entardecer, jà em seu momento, havia se escondido. Mas conheço um Cavaleiro do Oriente que me diz todos os dias que a natureza è ùnica e geniosa. Suas palavras ecoavam rindo dentro de mim, quando a cidade branca se coloriu com um rosa tao delicado quanto sonhos de meninas.
Ali, encontrei as portas do cèu. Là, as àrvores vao desaparecendo aos poucos.
Debaixo de um enorme pinheiro, nos sentamos em um balanço. O vento me levava em uma cadência rumo ao infinito, onde estao todos os sonhos que perdemos por aì. Escutei um eco ao longe, dizendo que nao havia nada ali. Mas anjos de olhos verdes e azuis sabem que hà muito mais para ver onde náo se consegue ir com o olhar.
O azul profundo tomou a neblina densa, e pequenos cìrculos brancos e laranjas iluminam a cidade, que jà sabemos estar abaixo de nòs.
Descemos para procurar algo para comer, e enquanto estava entretida com carinhos que chegavam do Brasil pelo telefone, uma mudança de planos nos fez voltar para a capital.
Na volta, um sorriso prateado se escondia atràs dos altos pinheiros, que passavam tao ràpido, que fazia a lua quase piscar.
Hoje, de volta ao futuro, sei que levar a câmara teria me feito viver outra realidade. Nao seria possìvel estar ali plenamente. As palavras ainda assim nao sao suficientes para descrever a sensaçao de me balançar em nuvens cor de rosa, de sentir o vento da eternidade me soprar no ouvido.
Para o cèu nada se leva, e de là sò se traz a certeza de ter ido.
Isabela
2 comentários:
Ei. tudo certo?
outro dia li no blog um texto sobre o portal do não retorno ou coisa assim lá no Benim.
Também fiquei com essa história na cabeça e quero compartilhar um outro blog legal que eu achei e que fala do Benim também:
www.osretornados.globolog.com.br
Até tem um bando de fotos também lá.
Muito obrigada!!!
Postar um comentário