sábado, 12 de abril de 2008

Crime Cultural



ADEUS TEATRO OFICINA PERDIZ

Depois de tantas ameaças a derrubada se aproxima O Teatro Oficina do
Perdiz, três semanas após ganhar as telas do Fantástico e emocionar
tanta gente no quadro Me Leva Brasil, recebe um ultimato para ser
demolido. Talvez, nos últimos anos, uma das poucas notícias vindas de
Brasília e que tenha dado orgulho a algum brasileiro, foi a história
desse torneiro mecânico, como o nosso presidente, mas, um torneiro
mecânico apaixonado pela cultura e que dividiu o espaço do esmeril e
da solda, com figurinos, cenários e o ritual diário dos atores.
Essa história virou filme que tem ganhado as telas de festivais no
Brasil e no mundo, com o curta "Oficina Perdiz" de Marcelo Diaz. Além
disso, está em fase de finalização, outro curta metragem, de Pio Gomes
e que fala de dois Josés e duas oficinas, Zé Celso (Teatro Oficina –
SP) e José Perdiz (Teatro Oficina do Perdiz).

A contundente ameaça ao teatro é furto dos interesses de uma empresa
da construção civil (Ipê-Omni), que ergueu, ao lado do Teatro Oficina,
um prédio de quitinetes e estão conseguindo pressionar governo e
representantes da Secretaria de Cultura do DF para colocar abaixo 20
anos de história do teatro brasiliense.

Segundo o produtor do espaço, Marco Pacheco, a construtora quer
finalizar uma marquise que invade a área ocupada por essa oficina
teatro, assim, é preciso tirar de circulação mais um teatro no Brasil,
por atrapalhar interesses financeiros de um pequeno grupo. O capital
financeiro subjugando o capital cultural, histórico e artístico de uma
cidade.

O Teatro Oficina do Perdiz é uma peculiar oficina mecânica criada em
1969 e que funciona como teatro desde 1988, sendo um dos espaços mais
democráticos para os artistas e para a comunidade. O principal
argumento da construtora é que a área ocupada é do GDF, e deveria ser
uma área de passagem de um bloco para outro. Aqui, cabe ressaltar que
quase todas as áreas de passagem da Asa Norte são invadidas por
empreendimentos que nada acrescentam à vida cultural do brasiliense,
que não tem nenhuma utilidade pública.

Vale lembrar ainda que o prédio do INSS incendiado em 2005 não
possuía habite-se. Um dos mais nobres resorts da cidade também
enfrenta problemas com a área ocupada, além disso, várias outras obras
da cidade são irregulares. Qual a diferença entre essas outras
edificações e a Oficina Perdiz? Por que a oficina do perdiz deve
desocupar uma área pública para ser ocupada por esses empresários?
Quem é beneficiado com isso? A resposta é simples: em Brasília ganha
quem tem dinheiro e influência política. Será que nós, cidadãos e
artistas, concordamos com isso?

O Teatro do Concreto se uniu a outros artistas apaixonados por esse
espaço e está em temporada no Teatro Oficina do Perdiz com o
espetáculo Diário do Maldito desde o dia 28 de março. A peça,
inspirada na vida e obra do Plínio Marcos fala de resistência e
compromisso com a arte. Nossa temporada é uma ação de resistência pela
manutenção do espaço. Agora, corremos o risco de nem chegar ao final
da temporada, prevista para 20 de abril, afinal, a obra ao lado tem
urgência. Os empresários já se reuniram com a Secretaria de Cultura do
DF, sem convidar a classe teatral para debater o assunto, a única
proposta feita foi a retirada da Oficina do Perdiz, sem deixar claro
como, quando e de que forma.

É triste perceber que a marca que esse governo está imprimindo na
cultura do DF é a marca da agressão aos foliões durante o carvanal, da
destruição de obras de arte na W3 Sul que homenageavam poetas e,
agora, a da eminente demolição do Teatro Oficina Perdiz. Cada vez
mais, fica clara a idéia de fazer de Brasília uma cidade asséptica.
Brasília não é do povo, como o céu é do avião.

Gostaríamos de poder contar com o apoio de artistas, jornalistas e da
população em geral para impedir esse crime contra nossa cultura.


Teatro do Concreto.

REPASSEM!!!
Contatos:
Marcos Pacheco – (61) 8142-9700 – produtor do espaço
Ivone Oliveira – (61) 9935-0860 – Teatro do Concreto
Marcelo Diaz – (61) 9212-4006 – Diazul de Cinema
Teatro Oficina do Perdiz (61) ...
e-mail:
mapael@terra.com.br
franciswilker@gmail.com

Fotos: Arthur Monteiro

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