sábado, 30 de agosto de 2008

Fotografar a realidade é fotografar o nada.


(...) que idiota fui eu ao acreditar que seria tão fácil. Eu confundi as aparências de automóveis, árvores e pessoas com realidade e acreditei que uma fotografia dessas aparências seria necessariamente uma fotografia delas. É uma verdade melancólica o fato de que eu nunca serei capaz de fotografar as coisas da realidade e, portanto, só poderei falhar. Eu sou um reflexo fotografando outros reflexos com seus reflexos... Fotografar a realidade é fotografar o nada.
Duane Michals

8 comentários:

Anônimo disse...

Lindo. Demais. Estou tentando escrever um comentário há um tempão e nem consigo. Lembrei da queixa do Versiani. Comentar é preciso, mas nem sempre é fácil...

Anônimo disse...

Nunca se fotografa a realidade, poi ela é, miléssimos de segundos ou minutos, Passado da existencia. O corte no continuum ou recorte pensando poeticamente ou esteticamente, e o reflexo capturado de um momento que não existe mais. Eu adoro isso.

claudio versiani disse...

Fotografar o nada é interessante. Mas mais interessante ainda é ser um reflexo do reflexo do reflexo. Dá para ver que ele gostava de espelhos, que nada mais são do que uma ilusão refletida.

Foi Duane Michals quem disse...

I believe in the imagination. What I cannot see is infinitely more important than what I can see.

Engraçado a nota estar logo acima do Bresson, que tem o título de O homem invisível. Acho que tem uns emaranhados quânticos por aqui também.

Abs.

Muito legal a nota. Dá pra esquentar a cachola.

claudio versiani disse...

Esqueci...

Tá lá na nota da Mirada da Reuters no Pictura...

La fotografía convierte la memoria en historia. Porque es muy fácil olvidar un nombre, un lugar, una persona, pero siempre hay una imagen que queda grabada en nuestra memoria. Una memoria que acabará haciendo historia.

Mais abs.

Anônimo disse...

Será que fotografamos a realidade ou estamos procurando o tempo todo espelhos?
São tantos os caminhos e sempre nos levam a nós mesmos...

PUNCTUM-FOTO disse...

Mas o instigante é justamente isso Morelli Ri, é uma eterna busca por descobrirmos quem realmente somos. A Fotografia exerce este poder, nos espelha!

Armando disse...

Fotografia é auto-conhecimento e também conhecimento sobre as coisas. É um eterno aprender que continua e transcende o instante apreendido.

Anônimo disse...

Emaranhado quântico: ontem estava lendo poesia aleatoriamente na rede e encontrei essa, com uma visão diferente do assunto, pelo menos pra mim. Acho muito interessante como os poetas falam de fotografia, de olhar, de ver. São coisas muito ligadas.

"Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais."

(Alberto Caeiro)