quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Die Vier Hoeke
"Comenta-se que ninguém de fato conhece uma nação até que se veja numa de suas prisões. Uma nação não deveria ser julgada pela forma que trata seus mais ilustres cidadãos, mas como trata os seus mais simplórios."
Nelson Mandela
Fotos de Mikhael Subotzky
http://www.imagesby.com/
terça-feira, 28 de outubro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
A história atrás de uma foto
Rio de Janeiro, Setembro de 1968. Câmera Nikon, 35mm, filme Ektacrome.
UM SANTO ENTERNECIDO
Era, mais uma saída, daquelas que qualquer fotógrafo que trabalha na imprensa em geral, seja em jornal ou revista, agradaria fazer, principamente por tratar-se de um autor forjado no seio do povo brasileiro e, por isso mesmo, lapidado nos quintais iluminado dos subúrbios carioca, naqueles tempos em que esses recantos emoldurariam para sempre um memorial livre, solto e feliz na criança que se transformasse mais tarde em adulto.
Uma saída, por si só, mágica. Seu personagem maior atendia pelo nome de Pixinguinha, um gênio da musicalidade pátria, o Alfredo da Rocha Vianna Júnior, conhecido assim na pia batismal. Compositor, maestro, instrumentista, professor, formador de importantes conjuntos e orquestras, que compôs para filmes e revistas, e tambem música litúrgica, um inovador em cada época e um santo constantemente enternecido com a geração que acredita num som brasileiro e universal.
Eu trabalhava, então, na revista Manchete, de Bloch Editores, semanário florido de fotos e pouco texto, que (dizem!...) fazia a festa nos consultórios médicos, enquanto seus pacientes, aguardando seu encontro clínico, folheavam sem muita saída, suas páginas repletas de signos e informações ligeiras sem consistências. Eu e Muniz Sodré, solerte repórter que começava sua carreira de escriba e, que, se não me engano fazia naquela saída o seu "debut", indo comigo entrevistar "aquele que pra morrer, foi pedir benção a seu santo", segundo o poeta e também compositor, Hermínio Bello de Carvalho.
E, chegando à sua casa, em Ramos, numa rua com o seu próprio nome, entreguei o mestre Pixinguinha ao Muniz, e os dois, na sala do músico, puderam, então, remexerem-se na entrevista, solitariamente. Afastando-me, percebi os acenos descontraídos da residência. Lá estava um quintal cimentado, entubado por uma vistosa mangueira, vitoriosa e soberana, a enfunar-se galhardamente em seu vertiginoso crescimento, folheada de verde, ostentando alguns frutos tímidos que cresciam esperando dezembro chegar.
Era início de setembro e a propalada primavera já se anunciava, com seus dias de sol agradável pregado no azul de um céu sem nuvens. Havia, plantadas aos pés da mangueira, dálias e rosas, salpicando dessa forma, um lirismo impressionista, cujos matizes frios e quentes, pincelavam certa quietude anunciando que a felicidade estava ali e, que Pixinguinha se emolduraria muito bem plantado naquele recanto de ordem e paz.
E, assim, uma hora depois de terminada a conversa entre o repórter e o maestro no interior da casa, convidei Pixinguinha a sentar-se em sua cadeira de balanço no meio do quintal mágico, segurando o saxofone, divisando hipoteticamente uma linha do horizonte, tocando com os olhos o silêncio de um choro ausente, mas, comovido. Lembro-me, que fiz, num raio de 160 graus, um filme de 36 poses em dois a três minutos, um delírio! Colírio para a história cultural brasileira, certeza que consagrava definitivamente, sob minhas lentes, aquele que há muito tempo já era uma lenda nacional.
Comentários:
A fotografia é histórica por tratar-se de um gênio musical brasileiro.
A foto se manterá indelevelmente histórica pelo apreço e unanimidade pessoal em que as pessoas tem este autor musical.
Sou um homem de projetos pessoais e, mesmo no tempo que trabalhei em jornal e revistas, fui um declarado criador, manipulando e criando atmosferas, sustentando que a verdade jornalística, enquanto notícias, pode ter alguns lados de verdade, não somente a verdade objetiva. Na verdade, fui um criador de alegorias.
Walter Firmo
sábado, 25 de outubro de 2008
A vida de Carmen
Entre seu sorriso envergonhado e a secreta curiosidade pelo motivo de meu interesse, ela me conta em tom de confissão que seus únicos luxos são o batom e o esmalte. Depois ri de si mesma, caso eu a estranhe ou a considere tola. Na verdade, minha opinião é outra. Frente a sua força, eu me envergonho de minhas fraquezas e me pego perplexa diante da felicidade com que caminha.
Carmem, aos seus 44 anos, não é exceção às estatísticas que expressam o aumento das mulheres que assumem o emprego de doméstica.
Fotos de Gui Galembeck
Texto de Tatiana Ribeiro
Em Punctum
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Plaqueiros - resquícios e histórias paulistanas
Como paulistano tenho uma relação de amor e ódio com o centro de São Paulo. Decadente e fascinante. Seus prédios antigos, de uma arquitetura rebuscada mostram a beleza de uma época que passou. Impressiona o verdadeiro formigueiro humano que circula pelos seus calçadões todos os dias em busca de emprego, indo às compras em lojas populares, os vendedores ambulantes que enfestam a região em meio aos mendigos estirados no chão, enrolados em cobertores imundos. Neste cenário caótico, triste e impressionante, quase invisíveis se misturando à paisagem cinzenta e às pessoas apressadas, estão os plaqueiros...
Ensaio de Zé Carlos Barretta em Punctum.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Joseph Koudelka
Entrevistado por Melissa Harris para Aperture , Joseph Koudelka fala sobre sua trajetória e sobre o recém Lançado livro Invasion 68 .
...Em 1968, eu não sabia nada sobre fotojornalismo. Eu nunca tinha visto a Life, eu nuca tinha visto Paris Match. Quando fotografei a invasão soviética, eu fiz para mim mesmo. Eu não pensei em um ensaio fotográfico ou em uma publicação.( Joseph Koudelka)
...Estas podem ter sido situações de perigo, mas eu não as senti. Para mim, as pessoas com a real coragem eram aqueles sete russos em Moscow- os únicos de milhões – que protestaram aquela semana na Red Square contra a invasão, sabendo que eles poderiam ser aprisionados... ( Joseph Koudelka)
...A boa foto é aquela que entra no seu pensamento e você não consegue esquecer. Muitos dos meus livros foram compostos deste jeito. O conceito deste livro é diferente. Quando começamos a colocar as fotos na estrutura que determinamos, o livro começou a se cristalizar.... ( Joseph Koudelka)
Além do relato impressionante de quem viveu as mais radicais situações de sua vida durante aqueles 7 dias. Koudelka transmite com sabedoria a sua visão sobre o pensar fotográfico, respeitando a essência de cada tema e suas particularidades. O que se traduz na sua repulsa à repetição onde, ao descobrir uma fórmula, o fotografo transforma aquilo em um hábito e acaba virando prisioneiro das suas próprias regras.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Estudo de Música I e II
XDR-TB
XDRTB.org é um extraordinário esforço para contar a história de uma tuberculose extremamente fármaco-resistente (XDR-TB) e da tuberculose através de fotografias feitas por James Nachtwey. XDR-TB, ou tuberculose extremamente fármaco-resistente, é uma nova e mortal mutação da tuberculose. Similar na criação à tuberculose multi-resistente (MDR-TB), mas mais extrema nas suas manifestações, surge quando a tuberculose comum não é tratada ou as drogas são mal utilizadas. As fotografias de James Nachtwey representam essas diferentes variações.
James Nachtwey vem registrando a guerra e histórias sobre direitos humanos há 30 anos, viajando desde a Irlanda do Norte ao Iraque, de orfanatos da Romênia às mortais terras do Sudão. Ele sabe o poder da fotografia para sensibilizar e fazer uma verdadeira mudança. Em 2007, foi premiado com o Prêmio TED, que vem com US$ 100.000 e um desejo de mudar o mundo.
Estas fotografias e este projeto são seu desejo.
XDR-TB.org
http://www.xdrtb.org
Saiba mais sobre a tuberculose, MDR-TB e XDR-TB, e aprenda como é possível tomar medidas para acabar com esta doença mortal.
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